

Não restam dúvidas que o santo mais acarinhado pelos lisboetas é o santo casamenteiro – Santo António. Mas, ele não é o santo padroeiro de Lisboa, ao contrário do que muita gente pensa.
Na verdade, o santo padroeiro da cidade é São Vicente e está presenta na história da mesma, desde o século XII.
Santo António
Santo António foi um santo lisboeta. Nasceu no local que, hoje, é a Igreja de Santo António e, embora tenha nascido em Lisboa, o destino levou-o a pregar pelo mundo, acabando por falecer em Pádua, em 1232. Pouco tempo depois, foi canonizado.
É conhecido por ser o santo casamenteiro, por proteger os animais, os idosos, os pobres, oprimidos, marinheiros, agricultores, pescadores, viajantes e grávidas.

É, portanto, simples e fácil perceber a sua adoração popular.
Santo António é o santo popular de Lisboa, celebrado nas festas populares, durante o mês de junho. Nas festas, a população enche os bairros tradicionais e reúne-se em arraias ao sabor da sardinha assada e em redor dos tronos em homenagem ao santo.
E quem é São Vicente?
Este santo também está presente na história de Lisboa. Foi um mártir de origem espanhola que viveu entre os séculos III e IV e recusou adorar deuses pagãos.
Reza a lenda que, no século IV, São Vicente foi torturado até à morte pelo imperador Diocleciano, porque se recusou oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.

O seu corpo foi deixado à deriva no mar, acabando por ir ao encontro do Promontório de Sagres, dominado na época pelos muçulmanos.
Atualmente, esse promontório chama-se Cabo de São Vicente.
Como São Vicente está ligado a Lisboa?
A ligação deste santo leva-nos a viajar até ao século XII. Durante o cerco a Lisboa, em 1147, o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, fez uma promessa: se conseguisse conquistar a cidade, recuperaria os ossos de São Vicente e mandaria construir um mosteiro na sua memória. Nesse mesmo ano, o mosteiro foi fundado, no lado de fora das muralhas da cidade (daí o nome Mosteiro de São Vicente de Fora).
Em 1173, os ossos de São Vicente foram transportados para Lisboa numa barca e conta a lenda que, durante o trajeto, a mesma foi protegida por dois corvos. No dia 15 de setembro de 1173, as relíquias foram depositadas na Igreja de São Domingos.

Na manhã seguinte, foram trasladadas para a capela-mor da Sé. Assim, São Vicente, tornou-se o padroeiro do concelho e da Diocese de Lisboa.
A barca, acompanhada por corvos, transformou-se num símbolo da cidade, presente na calçada, nos chafarizes, em casas pertencentes à Câmara Municipal, em ferramentas, produtos vendidos na cidade, candeeiros públicos e até, em moedas cunhadas pela Coroa.
A capital de Portugal ganhou um padroeiro e as insígnias eternamente reconhecidas constituem o brasão. São Vicente repousa tranquilamente na sua barca, protegida por dois corvos.
São Vicente é celebrado todos os anos, no dia 22 de janeiro.
