

Hoje, ao percorrermos as ruas de muitas cidades, encontramos uma diversidade de arte.
O grafite é uma arte que se serve do espaço público para comunicar. Porventura, vive no limbo entre ser arte e ser vandalismo.
O que é o grafite?
O grafite é um tipo de arte urbana, que nos acompanha desde 1970/1980, a par do hip-hop e do skate. Apareceu em cidades como Paris e Nova Iorque, com obras de artistas que ansiavam expressar-se.
Em contrapartida, o grafite é visto e compreendido como um movimento marginal.
Neste tipo de arte, o artista encontra na cidade uma tela em branco à espera de ser pintada. O artista inspira-se na cidade e cria obras numa dimensão, talvez, nunca vistas, no que diz respeito à arte pública.
O grafite pode ser uma personificação de uma mente assoberba em pensamentos e ideias infindáveis ou perspetivas erróneas de conceitos rebeldes deturpados.

Arte ou vandalismo?
Há uma certa incompreensão da arte e dos seus artistas. O grafite pode ser visto aos olhos de muitos como vandalismo ou poluição visual.
Na verdade, o grafite pode cair no vandalismo quando se fala em meros rabiscos, sem qualquer sentido, numa parede.
Por um lado, vai haver pessoas que o fazem por arte. Por outro lado, vai haver pessoas que o fazem por vandalismo.
Há uma diferença, que se deve prestar atenção!
O grafite, enquanto arte, tem um papel fundamental na revitalização de edifícios ou até mesmo bairros mais degradados. Esta arte urbana dá vida a paredes que, até então, estavam esquecidas ou abandonadas.

A ideia do vandalismo surge quando os rabiscos invadem os muros e paredes, fontes, portas de estabelecimentos ou monumentos.
Esta arte tem de ser feita com a devida autorização das pessoas responsáveis pelas telas que os artistas querem pintar. Quando isto não acontece, dá-se lugar a uma marginalização da arte.
Porém, muitas câmaras municipais têm demonstrado interesse no grafite, convidando artistas para pintarem prédios e revitalizarem espaços públicos.
Há, ainda, quem “rabisque” uma obra de arte urbana. Esta ação descredibiliza o trabalho de um grafiteiro, dando lugar a falsos julgamentos por parte do público – o vandalismo.

Arte é uma coisa. Usar a arte para vandalismo é outra.
O grafite em Lisboa
Lisboa é um autêntico museu de arte urbana. São inúmeros os espaços públicos e prédios que vibram com a arte. É uma das principais cidades, no mundo em arte urbana.
Existe na cidade, um órgão da Câmara Municipal de Lisboa, dentro do Departamento do Património Cultural, que fomenta as pinturas de rua, numa tentativa de colocarem em ordem o caos do vandalismo nas portas, muros, monumentos e paredes revestidas de azulejos. O dinheiro gasto na limpeza dos rabiscos foi revertido em pagar aos artistas e divulgar os seus trabalhos.
Incentivado por entidades públicas ou privadas, feita por artistas nacionais ou internacionais. Nos bairros ou nas grandes avenidas da cidade, a arte urbana dá cor a Lisboa, e atrai olhares curiosos que não resistem em registar o momento.
Este texto serve de reflexão sobre o que é o grafite e o seu papel na revitalização urbana e o que é o vandalismo subentendido em rabiscos. Como em toda a arte, é necessário que haja um propósito, quer seja uma mera expressão artística, quer seja uma declaração política, social, irónica ou cómica.
Na mesma ótica reflexiva, a aplicação de sanções poderia ser pensada e aplicada aos que fazem rabiscos na própria arte urbana, nos monumentos, muros ou paredes sem autorização prévia e sem qualquer tipo de propósito. Até porque, custos associados à limpeza e remoção de grafites ilegais são elevados, sobretudo, em meios de transporte.

Fala-se de arte, que deve ser valorizada, preservada e divulgada. Por outro lado, fala-se em vandalismo fazendo-se passar por arte. Aos olhos dos que estão dentro já é uma coisa normal, mas quem vem de fora repara nesta diferença absurda.
