CulturaNEW IN

A equipa do Museu de Lisboa apelida carinhosamente “A maquete do Bombeiro” e nela podes ver o centro da cidade nas primeiras décadas do século XX.

© José Avelar | Museu de Lisboa

A origem

Luís Caetano Pereira de Carvalho (1862-1933) foi o 2.º comandante do Corpo dos Bombeiros Municipais de Lisboa, entre 1901 e 1929; um construtor civil e mestre carpinteiro. É na sua vasta experiência que se propôs a um trabalho que, pacientemente, desenvolveu na sua casa, ao longo de 26 anos: uma maquete da cidade, iniciada em 1906, mas nunca terminada.

Ao longo de 32 anos de serviço da prestação de socorro na cidade, reuniu 30 louvores e condecorações. Em junho de 1907, depois de um combate ao incêndio num prédio da Rua da Madalena, recusou a condecoração régia do rei D. Carlos I, afirmando não ter feito mais do que a função exigia.

© José Avelar | Museu de Lisboa

A maquete

A maquete do bombeiro faz parte do acervo da Câmara Municipal de Lisboa desde 1945, e foi alvo de investigação por parte dos técnicos do Museu de Lisboa e do Regimento de Sapadores Bombeiros Municipais, por especialistas da história do socorro na cidade e, claro, por familiares de Luís Caetano Pereira de Carvalho.

A maquete da cidade tem 2,21m de comprimento e 0,89m de largura. Ela representa uma parte de Lisboa situada entre o Terreiro do Paço e o Regueirão dos Anjos, limitada a nascente pelo Castelo de S.Jorge e o miradouro de Nossa Senhora da Graça, e a poente pelo Largo do Corpo Santo e a Praça dos Restauradores.

Toda ela é feita em madeira policromada e à escala 1:1000. É um documento realista da cidade, mas primeiras décadas do século XX, onde todos os prédios foram minuciosamente estudados pelo bombeiro, e representados com as características e cores que tinham na época.

© José Avelar | Museu de Lisboa

Este trabalho foi realizado, aproximadamente, há um século, e são visíveis muitas diferenças para com a Lisboa atual. Por exemplo, na Praça da Figueira, ainda existia o mercado em ferro e vidro (que acabou por ser demolido em 1949), a Praça do Martim Moniz não tinha sido, ainda, definida e o Castelo de S. Jorge albergava uma guarnição militar, totalmente diferente da função atual dele.

A Exposição

A exposição é organizada pelo Museu de Lisboa em parceria com o Regimento de Sapadores Bombeiros e é o resultado da investigação feita ao trabalho de Luís Pereira de Carvalho.

Além da oportunidade em conhecer a fisionomia e a história da cidade no início do século XX, é possível compreender os desafios que na altura se colocavam à segurança das pessoas e bens, em caso de incêndio.

© José Avelar | Museu de Lisboa

Lisboa era, ainda, uma cidade onde a madeira era o material predominante nos edifícios, o que potenciava o risco de incêndio, como aconteceu na madrugada de 10 de abril de 1907, num prédio na Rua da Madalena. O combate deste incêndio levou a uma (das muitas) condecorações de Luís Pereira de Carvalho.

No relatório, o bombeiro inseriu uma data de desenhos que ilustravam a progressão do fogo, dos meios disponibilizados para o combate e das operações logísticas efetuadas.

Além disso, no decorrer da exposição, o Museu de Lisboa irá editar um livro com o resultado da investigação.

Mais informações

Podes visitar a exposição temporária, até ao dia 3 de setembro de 2023, de terça-feira a domingo, das 10 às 18h. A entrada no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta tem um custo de 3 € para o público, e a entrada é gratuita para crianças e jovens residentes no concelho de Lisboa.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *